KRISIUN
A construção da banda começou em 1990 quando o trio morava Rio Grande do Sul. O gosto pelo metal foi herdado do irmão mais velho, que já ouvia bandas como Black Sabbath e Dio. De tanto vê-lo com seus discos os três gostaram do som e dos desenhos nas capas. Como todo fã de heavy metal, a adolescência deles foi marcada pela compra de discos dos grupos preferidos. E, para aumentar a coleção, era preciso investir boa parte do salário que ganhavam nos primeiros empregos. Alex só esperava receber para ir direto a Megaforce, uma das primeiras lojas especializadas em Porto Alegre.
De lá ele trazia grande parte daquelas que viriam a ser as influências do Krisiun. E entre estas influências surgiram Show No Mercy do Slayer e Altars of Madness do Morbid Angel. Os dois discos que transformariam de vez a vida da família Krisiun, mostrando uma face nova e fascinante do velho e bom metal. A agressividade dos vocais e os instrumentos tocados com tanta energia e velocidade provocaram uma reação imediata.
Era chegada a hora de unir-se aos ídolos de alguma forma. Sem dinheiro para adquirir equipamentos de qualidade, foi preciso se contentar com instrumentos mais simples e muito limitados. O movimento metal já vivia uma fase de empolgação no Brasil e fanzines circulavam de um estado para outro, ampliando a cena underground. O Krisiun logo entrou neste mundo, correspondendo-se com bandas e fanzines de todo o país. A idéia era ganhar espaço no cenário e mostrar os conceitos da banda mundo afora: tocar o verdadeiro metal. Logo o estilo foi sendo moldado, com a velocidade e o peso do que foi rotulado como death metal.
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Gruft: O tempo estava abafado, a chuva que desabava criava um clima de sauna nesta edição do All Rock Point em Duque de Caxias. Vi a multidão de camisetas pretas se aproximando. E desta vez no Gruft Entrevista, temos aqui Alex Camargo baixo e vocal de uma das maiores bandas brasileiras e que melhor representa o metal no mundo, já tocaram com grandes nomes como Kreator, Cannibal Corpse e Slayer. Estou falando do KRISIUN!!!
Alex, gostaria que você comentasse um pouco sobre o Álbum Assassination e sobre os planos da banda para este ano.
Alex Camargo: Pó véio, o álbum Assassination saiu no início do ano passado e teve uma resposta bastante positiva. A gente conseguiu dar seqüência com três turnês nos Estados Unidos e duas na Europa, está tocando bastante no Brasil. É aquela coisa, em questão de popularidade o metal sempre vai ter uma barreira, nós nunca vamos atingir aquela determinada camada da mídia. Mas mesmo assim, dentro do que a gente se propôs, dentro do estilo da música, eu acho que a gente tem aberto bastante as portas para este estilo no Brasil.
Gruft: Nestes quase 17 anos de carreira (completam este ano) como é para vocês olharem para trás? Vocês imaginavam que um dia seriam tão conceituados como são hoje?
Alex Camargo: Ah véio! A gente olha para trás e vê muita treta... Muita correria. Passa assim como se fosse um filme. Muitas memórias, muitas coisas boas e algumas coisas que a gente prefere deixar passar. E estamos aí, fortes até hoje.
Após tantos anos, conseguimos manter a mesma formação, isto solidificou a banda. E é isso aí, pé no chão, bola para frente.Não estamos aqui para provar nada para ninguém. Eu olho e quando vejo essa molecada e vejo o brilho nos olhos dos moleques... Isso que me dá motivação, eu me vejo ali, a gente começou ali. Eu vejo a molecada chegando debaixo desta chuva, essa emoção eu ainda tenho é o que me dá forças.
Sempre que nós subirmos no palco, vamos botar pra quebrar porque a molecada merece. Até o fato de a gente viajar, tocar lá fora, todos nós temos, acima de tudo, um grande orgulho de sermos brasileiros, de poder tocar no Brasil. É o que a gente sempre buscou: estarmos juntos com o nosso público.
Gruft: Desde Curse of the Evil (Primeiro álbum da banda) até o atual Assassination, não podemos deixar de reparar a arte das capas, que são realmente esplendidas, daria destaque inclusive a capa de Conquerors of Armageddon, com os quatro cavaleiros do apocalipse se erguendo. Como vocês imaginam estas ilustrações?
Alex Camargo: É difícil até dizer, porque o desenhista no caso do “Conquerors” foi o Joe Petagno, que é o mesmo cara que desenha as capas do Motorhead, tem uma estrada muito grande. Ele fez duas capas para a gente, então o que ele pede é que mandemos as letras das músicas. Aí ele se baseia nas letras.
Gruft: Bem parecido com os Quadrinhos...
Alex Camargo: É... A banda também dá sua opinião, a gente tem alguns discos em que pegamos uns “samples” e é a mesma coisa; o pessoal se inspira na temática dos discos e manda ver, o resultado tá aí.
Gruft: Sabemos que não é de hoje que existem diversas bandas e artistas que se tornaram personagens de HQs e desenhos animados. O que vocês acharam da versão animada do Krisiun na Mega Liga de VJs Paladinos da MTV? Repetiriam a dose?
Alex Camargo: Legal, véio. Aquilo ali, a gente nem ficou sabendo, foi coisa do João Gordo. Eu achei legal de muito bom gosto. (risos)
É como se fossem os brasileiros vendo só as cachaças que a gente toma (risos).
Gruft: Mas você acha que eles passaram uma imagem meio deturpada?
Alex Camargo: Não, não, não... É tranqüilo. Nós temos uma conectividade com o pessoal, mas não é um lugar onde a gente aparece muito. Você não vê o Krisiun na MTV direto. É rara a parada, mas referente à pergunta, a gente curtiu pra caralho, foi realmente idéia do Gordo que bolou a parada com os caras.
Gruft: E como é a amizade de vocês? Vocês tem uma boa relação com o Ratos de Porão?
Alex Camargo: Temos. Com certeza véio, são parceiros até o fim.
E é uma coisa que surgiu, porque a gente curtia o RDP como uma das bandas mais fodas da história. O Gordo também curte a gente, mas não tem pagação de pau, não ficamos puxando o saco um do outro. É aquela coisa de uma banda apoiar a outra.
Gruft: Como é de praxe, não posso deixar de perguntar, vocês que estão sempre rodando aí por este Planeta Terra... Este mundo... Tem solução?
Alex Camargo: É uma pergunta bem complexa, falar que o mundo tem solução é difícil. Eu acho que o ser humano tem solução, eu tenho solução, as pessoas tem solução.
No geral, eu acho que são muitos núcleos, muitos círculos fechados. A política e a religião caminhando uma se escorando na outra, gerando conflitos. Então é difícil, é complicado. A disparidade é muito grande, você querer entender a desigualdade social... Nós vivemos em um país com uma das maiores economias do mundo e a gente tem que conviver com tantas desgraças, tem que aturar os caras se bancando em cima dos outros. No Brasil os políticos ganham os salários mais altos. É o país onde se paga mais impostos e é complicado. Como é que a gente faz? Acho que a solução está no individuo, levantar a cabeça e protestar o quanto puder sem se expor. É válido falar o que se acha.
Gruft: E o que você acha da nossa iniciativa?
Alex Camargo: Eu acho a iniciativa de vocês maravilhosa. O cara trabalhar com o underground, sei que não dependem disso para viver. É o que eu disse sobre o individuo, a gente expor nossas idéias e tentar fazer um pouquinho, levar uma alegria aí para a molecada. É importante o ser humano acreditar mais em si do que em religião, política... E é isso aí véio.
Gruft: Muito obrigado Alex pela sua entrevista...
Alex Camargo: Valeu galera do Universo Germinante muito obrigado pela força que vocês estão dando para o underground nacional.
Gruft: É uma honra para nós... Aproveito para deixar registrado os agradecimentos do Gruft a rapaziada do All Rock Point e ao nosso maior colaborador para conseguirmos esta entrevista Johnny Heringe, sem dúvidas se não fosse toda a determinação deste cara, nós não teríamos conseguido.
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Membros
Alex Camargo - baixo e vocal
Max Kolesne - bateria
Moyses Kolesne - guitarra
Discografia
Course Of The Evil One (álbum split - 1992)
Unmerciful Order (mini álbum - 1993)
Black Force Domain (1995)
Apocalyptic Revelation (1998)
Conquerors Of Armageddon (2000)
Ageless Venomous (2001)
Works Of Carnage (2003)
Bloodshed (2004)
Assasination (2006)
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