domingo, 11 de novembro de 2007

Alex Camargo do Krisiun

Alex Camargo vocalista da banda Krisiun nos concedeu esta entrevista no All Rock Point, evento que acontece na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Ela foi publicada em 14/03/2007.

KRISIUN

A construção da banda começou em 1990 quando o trio morava Rio Grande do Sul. O gosto pelo metal foi herdado do irmão mais velho, que já ouvia bandas como Black Sabbath e Dio. De tanto vê-lo com seus discos os três gostaram do som e dos desenhos nas capas. Como todo fã de heavy metal, a adolescência deles foi marcada pela compra de discos dos grupos preferidos. E, para aumentar a coleção, era preciso investir boa parte do salário que ganhavam nos primeiros empregos. Alex só esperava receber para ir direto a Megaforce, uma das primeiras lojas especializadas em Porto Alegre.
De lá ele trazia grande parte daquelas que viriam a ser as influências do Krisiun. E entre estas influências surgiram Show No Mercy do Slayer e Altars of Madness do Morbid Angel. Os dois discos que transformariam de vez a vida da família Krisiun, mostrando uma face nova e fascinante do velho e bom metal. A agressividade dos vocais e os instrumentos tocados com tanta energia e velocidade provocaram uma reação imediata.
Era chegada a hora de unir-se aos ídolos de alguma forma. Sem dinheiro para adquirir equipamentos de qualidade, foi preciso se contentar com instrumentos mais simples e muito limitados. O movimento metal já vivia uma fase de empolgação no Brasil e fanzines circulavam de um estado para outro, ampliando a cena underground. O Krisiun logo entrou neste mundo, correspondendo-se com bandas e fanzines de todo o país. A idéia era ganhar espaço no cenário e mostrar os conceitos da banda mundo afora: tocar o verdadeiro metal. Logo o estilo foi sendo moldado, com a velocidade e o peso do que foi rotulado como death metal.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Gruft: O tempo estava abafado, a chuva que desabava criava um clima de sauna nesta edição do All Rock Point em Duque de Caxias. Vi a multidão de camisetas pretas se aproximando. E desta vez no Gruft Entrevista, temos aqui Alex Camargo baixo e vocal de uma das maiores bandas brasileiras e que melhor representa o metal no mundo, já tocaram com grandes nomes como Kreator, Cannibal Corpse e Slayer. Estou falando do KRISIUN!!!
Alex, gostaria que você comentasse um pouco sobre o Álbum Assassination e sobre os planos da banda para este ano.

Alex Camargo: Pó véio, o álbum Assassination saiu no início do ano passado e teve uma resposta bastante positiva. A gente conseguiu dar seqüência com três turnês nos Estados Unidos e duas na Europa, está tocando bastante no Brasil. É aquela coisa, em questão de popularidade o metal sempre vai ter uma barreira, nós nunca vamos atingir aquela determinada camada da mídia. Mas mesmo assim, dentro do que a gente se propôs, dentro do estilo da música, eu acho que a gente tem aberto bastante as portas para este estilo no Brasil.

Gruft: Nestes quase 17 anos de carreira (completam este ano) como é para vocês olharem para trás? Vocês imaginavam que um dia seriam tão conceituados como são hoje?

Alex Camargo: Ah véio! A gente olha para trás e vê muita treta... Muita correria. Passa assim como se fosse um filme. Muitas memórias, muitas coisas boas e algumas coisas que a gente prefere deixar passar. E estamos aí, fortes até hoje.

Após tantos anos, conseguimos manter a mesma formação, isto solidificou a banda. E é isso aí, pé no chão, bola para frente.
Não estamos aqui para provar nada para ninguém. Eu olho e quando vejo essa molecada e vejo o brilho nos olhos dos moleques... Isso que me dá motivação, eu me vejo ali, a gente começou ali. Eu vejo a molecada chegando debaixo desta chuva, essa emoção eu ainda tenho é o que me dá forças.
Sempre que nós subirmos no palco, vamos botar pra quebrar porque a molecada merece. Até o fato de a gente viajar, tocar lá fora, todos nós temos, acima de tudo, um grande orgulho de sermos brasileiros, de poder tocar no Brasil. É o que a gente sempre buscou: estarmos juntos com o nosso público.

Gruft: Desde Curse of the Evil (Primeiro álbum da banda) até o atual Assassination, não podemos deixar de reparar a arte das capas, que são realmente esplendidas, daria destaque inclusive a capa de Conquerors of Armageddon, com os quatro cavaleiros do apocalipse se erguendo. Como vocês imaginam estas ilustrações?

Alex Camargo: É difícil até dizer, porque o desenhista no caso do “Conquerors” foi o Joe Petagno, que é o mesmo cara que desenha as capas do Motorhead, tem uma estrada muito grande. Ele fez duas capas para a gente, então o que ele pede é que mandemos as letras das músicas. Aí ele se baseia nas letras.


Gruft: Bem parecido com os Quadrinhos...


Alex Camargo: É... A banda também dá sua opinião, a gente tem alguns discos em que pegamos uns “samples” e é a mesma coisa; o pessoal se inspira na temática dos discos e manda ver, o resultado tá aí.


Gruft: Sabemos que não é de hoje que existem diversas bandas e artistas que se tornaram personagens de HQs e desenhos animados. O que vocês acharam da versão animada do Krisiun na Mega Liga de VJs Paladinos da MTV? Repetiriam a dose?

Alex Camargo: Legal, véio. Aquilo ali, a gente nem ficou sabendo, foi coisa do João Gordo. Eu achei legal de muito bom gosto. (risos)
É como se fossem os brasileiros vendo só as cachaças que a gente toma (risos).

Gruft: Mas você acha que eles passaram uma imagem meio deturpada?

Alex Camargo: Não, não, não... É tranqüilo. Nós temos uma conectividade com o pessoal, mas não é um lugar onde a gente aparece muito. Você não vê o Krisiun na MTV direto. É rara a parada, mas referente à pergunta, a gente curtiu pra caralho, foi realmente idéia do Gordo que bolou a parada com os caras.


Gruft: E como é a amizade de vocês? Vocês tem uma boa relação com o Ratos de Porão?


Alex Camargo: Temos. Com certeza véio, são parceiros até o fim.
E é uma coisa que surgiu, porque a gente curtia o RDP como uma das bandas mais fodas da história. O Gordo também curte a gente, mas não tem pagação de pau, não ficamos puxando o saco um do outro. É aquela coisa de uma banda apoiar a outra.


Gruft: Como é de praxe, não posso deixar de perguntar, vocês que estão sempre rodando aí por este Planeta Terra... Este mundo... Tem solução?


Alex Camargo: É uma pergunta bem complexa, falar que o mundo tem solução é difícil. Eu acho que o ser humano tem solução, eu tenho solução, as pessoas tem solução.
No geral, eu acho que são muitos núcleos, muitos círculos fechados. A política e a religião caminhando uma se escorando na outra, gerando conflitos. Então é difícil, é complicado. A disparidade é muito grande, você querer entender a desigualdade social... Nós vivemos em um país com uma das maiores economias do mundo e a gente tem que conviver com tantas desgraças, tem que aturar os caras se bancando em cima dos outros. No Brasil os políticos ganham os salários mais altos. É o país onde se paga mais impostos e é complicado. Como é que a gente faz? Acho que a solução está no individuo, levantar a cabeça e protestar o quanto puder sem se expor. É válido falar o que se acha.


Gruft: E o que você acha da nossa iniciativa?


Alex Camargo: Eu acho a iniciativa de vocês maravilhosa. O cara trabalhar com o underground, sei que não dependem disso para viver. É o que eu disse sobre o individuo, a gente expor nossas idéias e tentar fazer um pouquinho, levar uma alegria aí para a molecada. É importante o ser humano acreditar mais em si do que em religião, política... E é isso aí véio.


Gruft: Muito obrigado Alex pela sua entrevista...

Alex Camargo: Valeu galera do Universo Germinante muito obrigado pela força que vocês estão dando para o underground nacional.


Gruft: É uma honra para nós... Aproveito para deixar registrado os agradecimentos do Gruft a rapaziada do All Rock Point e ao nosso maior colaborador para conseguirmos esta entrevista Johnny Heringe, sem dúvidas se não fosse toda a determinação deste cara, nós não teríamos conseguido.

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Membros
Alex Camargo - baixo e vocal
Max Kolesne - bateria
Moyses Kolesne - guitarra

Discografia
Course Of The Evil One (álbum split - 1992)
Unmerciful Order (mini álbum - 1993)
Black Force Domain (1995)
Apocalyptic Revelation (1998)
Conquerors Of Armageddon (2000)
Ageless Venomous (2001)
Works Of Carnage (2003)
Bloodshed (2004)
Assasination (2006)

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