domingo, 11 de novembro de 2007

Marcelo Rodrigues - TAGMAR II

Marcelo Rodrigues é um dos autores de Tagmar, primeiro RPG nacional. O jogo fez sucesso nos anos 90, mas a editora que o publicava fechou, ocasionando sua saída do mercado. Atualmente as luzes voltam a ser acesas em torno do projeto Tagmar 2 o qual é coordenado por nosso entrevistado.
A presente entrevista nos foi concedida por e-mail e foi ao ar em 18/04/2007
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Gruft: Hoje vamos entrevistar um dos criadores e o principal revitalizador do primeiro RPG nacional: Tagmar. Com vocês, Marcelo Rodrigues!
Como foi que surgiu a idéia de criar a primeira versão de Tagmar?

Marcelo Rodrigues: Comecei a jogar RPG em 1985 na faculdade, naquela época jogávamos AD&D (1ª versão!) e era uma xérox que um amigo arranjou. Jogávamos muito até que em 1988, junto com o Ygor, que era um amigo de jogo, chegamos a conclusão que podíamos fazer um RPG Brasileiro que pudesse ser bom o suficiente para poder ser comercializado. Gostávamos do AD&D, mas tinha muita coisa que nos desagradava. Só que fazer um RPG nas horas vagas da faculdade não é coisa fácil e levamos 2 anos até termos um sistema funcional. Depois disso descobrimos que escrever 200 páginas é 100 vezes mais difícil que criar o sistema! Foi aí que entraram os outros integrantes. Deu muito trabalho, mas conseguimos lançar o Tagmar no fim do ano de 1991.

Gruft: E como surgiu a idéia do Tagmar2?

Marcelo Rodrigues: Um dia descobri que tinha um site brasileiro que disponibilizava material do Tagmar sem autorização. Fiquei muito chateado e consegui falar com os responsáveis e solicitei que retirassem o material do Ar. Neste momento vi que era um desperdício tanto material bom estar jogado no limbo, e decidi que se não podia ganhar nada com ele, podia pelo menos deixar que o pessoal se divertir com ele. Consegui reunir toda a galera e os convenci a liberar os direitos autorais desde que não para fins comerciais. Fazia bastante tempo que não jogava RPG e ao comparar com os novos RPGs achei que o Tagmar merecia uma revisão geral. Descobri também que havia muita gente fã do Tagmar que também achava isto. Foi assim que surgiu o projeto, da vontade de pessoas que gostam não só do sistema do Tagmar, mas também do cenário. Quase todo mundo no projeto tem sua vida profissional que não tem nada a ver com RPG, mas para mim (e muitos outros) o projeto virou um hobby.

Gruft: Existe a possibilidade do universo de Tagmar evoluir com uma metatrama?
E de "vazar" para outras mídias?

Marcelo Rodrigues: Não entendi a pergunta, você podia me explicar melhor?

Gruft: Existiria uma trama que vai ocorrendo no decorrer das edições provocando reviravoltas e explicando certos mistérios do universo criado (no estilo White Wolf ou mesmo no de alguns universos de D&D) e se vocês pretendem lançar outros produtos com o universo de Tagmar (HQ´s, desenhos, livros, etc...). OK?

Marcelo Rodrigues: Bem... Já discutimos no projeto essa idéia de evolução das tramas, mas o consenso geral, gera mais descontentamento do que satisfação. Isto se explica porque nos cenários de fantasia medieval, os personagens mais facilmente se tornam heróis, e participam de aventuras mais grandiosas influenciando mais a ambientação. No momento que você evolui a ambientação, você acaba criando contradições entre a ambientação oficial e a ambientação que cada grupo vai desenvolvendo. Outro problema é que isto gera uma complexidade que no momento o projeto não tem capacidade de suportar. Quanto a outras mídias temos sim pretensões, inclusive já temos quase pronto um romance para Tagmar. Uma coisa que gostaríamos muito é de termos uma HQ ambientada em Tagmar.

Gruft: Na nova versão, quais são os seus trabalhos favoritos? E fora do universo de Tagmar, quais são os seus jogos favoritos?

Marcelo Rodrigues: O meu trabalho favorito com certeza é o Livro dos Reinos. Este foi um trabalho soberbo que levou um ano e meio para ficar pronto. Conseguimos expandir e detalhar a principal parte do universo do Tagmar num livro bem consistente e trabalhado. Temos trabalhado incessantemente na Ambientação do Tagmar e ela a cada dia está sendo expandida e detalhada. Tudo isso, preservando o espírito do cenário do Tagmar que foi lançado em 1991.

Gruft: O que você acha da invasão do sistema d20? Pretende lançar um Tagmar d20?

Marcelo Rodrigues: Acho que foi uma jogada de mestre da Wizard, na qual ela repete a
mesma formula que a Microsoft fez com o Windows. Ela preserva o sistema para si (já que nem todo ele foi licenciado) e permite que outros desenvolvam material compatível D20. Esta estratégia do ponto de vista do consumidor é ruim, mas também tem seu lado positivo. É ruim porque ela tem poder de monopolização, na qual muitos estão quebrando ou então se juntando ao D20. O lado bom, é que da mesma forma que aconteceu com o Windows, o pessoal já percebeu que nada impede de termos um sistema livre que possa ser usado por qualquer um. Ainda não surgiu um Linux do RPG, mas acredito que em breve vá surgir. No Brasil a Daemon na prática já fez isso ao licenciar seu sistema. O que é necessário é um sistema de RPG 100% livre (que não é o caso do D20) que seja usado em todo mundo.

Gruft: Quais são os futuros lançamentos?

Marcelo Rodrigues: Estamos trabalhando em vários livros. Os próximo lançamentos são “Livro das Terras selvagens”, “Tagmar 2.2”, “Novo Livro de Criaturas”, e 4 novas aventuras. Há ainda o trabalho do “Livro de artefatos mágicos”, “Livro dos Deuses & Demônios” e o “Livro das Ordens” que ainda estão faltando bastante trabalho.

Gruft: Como funciona a estrutura de colaboração para o jogo? Qual é a equipe
responsável?

Marcelo Rodrigues: Um aspecto importante é que o Tagmar 2 é um RPG feito por quem o joga. Todo trabalho é realizado por pessoas de todo Brasil que através da Internet desenvolvem todos os trabalhos. Por incrível que pareça todo material é desenvolvido através de um processo de criação coletiva, na qual os trabalhos são designados a voluntários que realizam as tarefas previamente estabelecidas pelos coordenadores e pelo próprio grupo. Após cada trabalho concluído, ele é submetido ao grupo que então discute e faz críticas e sugestões. Em seguida os trabalhos são ajustados com base nas sugestões dadas e finalmente vão ao processo de votação. Somente após ser votado é que o trabalho é incorporado oficialmente ao Tagmar 2. O projeto Tagmar 2 é baseado em preceitos democráticos!

Gruft: Se mais alguém desejar colaborar, o que deve fazer?

Marcelo Rodrigues: Qualquer um pode entrar para o projeto para colaborar. Todos são bem aceitos, desde aqueles que entram apenas para dar sugestões e participar das discussões internas como aqueles que põem a mão na massa e desenvolvem os textos de regras, ambientação, criaturas, aventura, e contos.
A inscrição no projeto é simples (e de graça) sendo que os detalhes podem ser vistos em http://www.tagmar2.com.br/ComoParticipar.htm

Gruft: Indique o site para que todos possam conhecer e baixar o jogo...

Marcelo Rodrigues: Para conhecer o Tagmar 2 basta ir no site oficial www.tagmar2.com.br

Gruft: Para finalizar, este planeta tem solução?

Marcelo Rodrigues: Sim tem, basta saber trabalhar em equipe...

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