terça-feira, 8 de janeiro de 2008

PAULO STOCKER


Para começarmos o ano com o pé direito trago este mês uma conversa com Paulo Stocker. O batepapo rolou no final do ano passado, Stocker muito descontraído e super gente boa falou sobre seus trabalhos, planos e projetos.

Eu lhes apresento...

Paulo Stocker
É Cartunista, nasceu em Brusque, santa catarina e mora há treze anos em São Paulo, autor do livro Stockadas publicado pela Via Lettera com oitenta páginas de cartuns eróticos e sem nenhum preconceito. Também é criador do personagem infantil Gico e do inebriante Tulípio em parceria com Eduardo Rodrigues.

Colaborou com as publicações Pasquim 21, Sem Terra, Consumidor S/A, Up Date, Caros Amigos, Carícia e Show Bizz. Também esteve na coletânea Central de Tiras.

As vezes é preciso falar, falar, pra ver se a dor vai embora com as palavras”.

-Paulo Stocker -


Gruft: Iniciando o nosso Gruft Entrevista do mês de Dezembro tenho ao meu lado o fabuloso, o doidivanas, o pervertidamente fantástico, Paulo Stocker.

Paulo Stocker: Muito prazer, Gruft.

Gruft: O prazer é nosso! Então Paulo me fale um pouco sobre como é esta vida de Cartunista e Quadrinhista no Brasil?

Paulo Stocker: Basicamente o mercado brasileiro vive de fotos, fatos e ilustrações, o Cartunista edita seus livros e revistas. Eu trabalho como ilustrador, faço caricaturas em eventos, editei meu livro que foi indicado para o Hq Mix 2007. Faço o Tulípio em parceria com o Edu Rodrigues. O negócio é ralar. Ainda tem as animações que faço pro UOL e pro Cineboteco. Trabalho há quatro anos com a revista do Consumidor. Editada pelo IDEC.(Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor)

Gruft: O que acaba ocorrendo é que os quadrinistas brasileiros tem que se tornar polivalentes, seria esta multifuncionalidade uma tendência natural dos artistas brazucas?

Paulo Stocker: Mais do que tendência é o fato de isso ser a maneira que o artista encontra para sobreviver. E temos resultados maravilhosos nesse sentido. O Ziraldo é a tradução desse tipo de artista.

Gruft: Já que você falou, conte-nos: HQ Mix 2007, como é ser indicado ao maior prêmio de Quadrinhos do Brasil?

Paulo Stocker: O fato de ser indicado com a Turma do Pasquim, Ivan Lessa e seu Gip-gip e Maitena, ao menos pra mim foi recompensador. e perder pra turma inteira do Pasquim, editado pelo Jaguar aumenta minha honra.

Gruft: Podemos dizer que não chegou a ser uma derrota.

Paulo Stocker: E ainda por cima na categoria "cartum" que o Jaguar alertou estar morrendo na mídia, hoje se tem ilustração e foto. O cartum enquanto linguagem não é percebido, resultado dos tempos de repressão, valorizamos a charge. É difícil se libertar do passado.

É fácil fazer charge: o tema vem pronto. O cartum é algo que está mais pras artes, algo mais “pensamental”.

E o STOCKADAS, esse livro, são 70 cartuns sem texto. Humor erótico, surrealista. Pantomímico

Gruft: Falando nisso, sobre Stockadas, gostaria que você explicasse um pouco em relação a esta visão de mundo sem preconceitos, essa coisa de mulher com mulher, bicho com homem, será que cabe um alienígena nesta história também?

Paulo Stocker: Claro (risos). Essa ausência de preconceito vem do fato de como eu vejo o sexo. Sexo pra mim, é sexo. Sem rótulos, sem bandeiras.

Gruft: Você comentou uma coisa que achei muito curiosa em relação as charges e cartuns. Poderia explicar melhor aos nossos visitantes o que é e em que consiste fazer um cartum?

Paulo Stocker: O Cartum, difícil falar sobre isso.

É resultado de muita pesquisa. Fiz aulas de clow, estudo desenho fazem 20 e poucos anos. Sempre quis desenhar como os grandes mestres. Um dia chego lá.

Gruft: O Scott Mc Loud, no livro "Desvendando os Quadrinhos" define o cartum como um estilo onde a simplicidade do traço é predominante e devido a isso as pessoas se identificam com a obra, por de certo modo, verem-se nela. Seria como um espelho, você concorda com isso?

Paulo Stocker: O fato do cartum ser, em muitos casos, com personagens anônimos, coloca o leitor em diálogo com o desenho. A comunicação é imediata, eu acho maravilhoso cartuns de página inteira. Além do leitor se divertir com a idéia, ele pode apreciar a plasticidade do trabalho.

Gruft: Aproveitando o gancho em relação a trabalho, fale um pouco sobre como é a sua parceria com o Eduardo Rodrigues no Tulípio.

Paulo Stocker: Bem. Isso daria uma outra entrevista.

Gruft: Concordo que este assunto vai dar pano para manga (risos)

Paulo Stocker: Tudo começa com o Edu se separando do terceiro ou quarto casamento, ele não lembra. O sujeito sem lar almoçava e jantava em bares, isso durante uns dois anos. Sem lar, não, sem mulher que é quase a mesma coisa. Ele ia para os bares e ficava escrevendo frases em guardanapos, ao chegar em casa ia jogando na mesa da quitinete.

Depois de semanas foi ver e tinham mais de seiscentas frases.Os amigos ficavam dizendo que ele tinha que fazer alguma coisa com aquilo, ele ficou procurando parcerias até que alguém falou que aquilo podia virar cartuns. Criou um nome para o personagem, Tulípio.

Só faltava quem desse vida ao figura. Eu tinha em casa uns esboços, costumava desenhar uns personagens narigudos, compridos, que quase virou um ogro de uma das historinhas do Gico, meu personagem infantil. Foi só tirar um pouco do cabelo fazer uma lipo na barriga sedentária e estava ali o Tulípio.

Hoje o personagem está tão presente que não posso mais desenhar nenhum outro nesse formato. Virou um logo e isso tem sido uma característica dos personagens que crio. O Gico que é um duende se parece com um cogumelo, o Tulípio tem o formato de uma garrafa de cerveja e por ai vai, ou vou...

Gruft: Você também participa da elaboração das histórias com os textos?

Paulo Stocker: As vezes eu faço um desenho e o Edu põe um texto em cima, mas o texto é basicamente da cabeça do Edu. Afinal, as frases ele escrevbeu primeiro em guardanapos e hoje são quase duas mil. Estamos trabalhando no Tulípio já fazem dois anos. Ele está nisso fazem cinco, editamos uma revista de boteco, em formato de bolso que está no sexto número. distribuímos gratuitamente 15.000 exemplares nos botecos de são paulo, rio e belém do pará. Estamos negociando com outras praças, fizemos as animações pro Cine Boteco. Temos o portal no UOL. www.tulipio.com.br e contamos com a colaboração de vários nomes que admiramos ao longo da vida. Aldir Blanc e Jaguar, Paulo Caruso, Ignácio de Loyola Brandão, os amigos Gepp e Maia e Xico Sá. Além de Glauco, Fausto Wolff, Mário Prata, Fernando Gonsales.

Gruft: Mas e o Edu? Ele continua comendo em botecos ou já se arranjou (risos)?

Paulo Stocker: Ele sempre se arranja e continua comendo em botecos.

o Edu é um figura, um grande escritor. Ele tem um livro pra crianças ilustrado pelo Diogo Pace – “30 poemas para ler e 20 para escrever” - O cara conhece quase todos os botecos que nunca ouvi falar e tem um olho automático para achar bar em tudo quanto é canto. Acho que ele deveria ser consultor de alguma cervejaria, fora que ele conhece bem a gastronomia de buteco, fomos em vários bares no rio. Achamos pratos maravilhosos. Recentemente ele foi convidado pra ser jurado em dois festivais de comida de boteco.

Gruft: Mas o brasileiro ele tem uma coisa com boteco realmente. Os gregos diziam que a filosofia estava nas praças, mas aqui acho que esta nos botecos.

Paulo Stocker: Sim. Mas os sábios sentiram falta do vinho, assim fizeram os templos. O bar é um templo e o Tulípio seu filósofo. tem isso no texto, ele também faz bar-kais ( Nome gentilmente cedido pelo Mário Bortolotto) e o hai-kai é uma maneira de pensar a vida. O que eu gosto no Tulípio é que o personagem já veio com o texto e o modelo. O Tulípio é o Edu interpretado por mim.

Gruft: Por falar em filosofia: Esse planeta tem solução?

Paulo Stocker: Na minha maneira de ver, não. Os temas são rasos, a humanidade tomou um caminho sem volta, a radicalização do padrão de consumo esta estabelecida. E isso deveria ser a primeira coisa a ser mudada. Consumimos demais, exploramos demais os recursos, a política ainda não saiu da década passada. Quando o olhar deveria ser para o desconhecido, para o que virá com atitude no presente. A questão é mais do que cultural. é de sobrevivência da raça humana, essa deveria ser a nova política, mas os homens que comandam o planeta são rasos, sem estirpe, raros são os estadistas. Todos venderam seus sonhos ao dono do supermercado, "todos venderam seus sonhos ao dono do supermercado", essa frase é de um poema que quadrinizei. É do poeta Douglas Zuninno, a HQ acabou sendo publicada em uma revista de Portugal.

O Douglas também criou o nome STOCKADAS é um poema que homenageou seus amigos. No poema, Douglas me citava indiretamente: "O cartunista e suas suaves estocadas". Daí virou Stockadas e o nome do livro que editei pela Via lettera.

Gruft: Tem algum recado que você gostaria de deixar aos nossos visitantes? O espaço é todo seu.

Paulo Stocker: Reciclem, as idéias e os restos.

Meu próximo livro da série STOCKADAS vai tratar sobre o tema. Ecologia.

Eu sei que não vou salvar o mundo, mas não custa fazer alguma coisa enquanto estou vivo e usando os recursos que o planeta dispõe.

Gruft: E quando veremos o próximo Stockadas?

Gruft: O próximo Stockadas só daqui a um ano. Ainda estou na fase dos rascunhos, isso levam meses. Comecei a fazer uma série de contos ilustrados com minha mulher, Gabriela Kimura, que mesmo tendo um metro e sessenta, escreve como gente grande. http://oplayground.zip.net/

Gruft: Paulo, quero te agradecer pelo carinho, pela paciência e lhe dar parabéns por todo este trabalho maravilhoso que você vem fazendo. Senhoras e senhores este é Paulo Stocker!

Vocês podem conferir mais trabalhos do Paulo nos links: http://tulipio.nafoto.net/ http://tulipio.nafoto.net/ http://stockadas.zip.net/ http://oplayground.zip.net/

Paulo Stocker: Obrigado pela oportunidade de falar sobre o meu trabalho, Gruft.

*Entrevista concedida a J.P. Rodrigues através de software de batepapo online.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

LAERTE

Em primeiro lugar, quero mais uma vez pedir desculpas a todos pelo atraso, esta entrevista deveria ter entrado no ar no mês de novembro, mas tivemos alguns acertos quanto aos rumos do Universo Germinante e a interação entre nossos visitantes e a equipe. Resolvemos viabilizar o site todo em formato de blogs e todos os conteúdos se encontram disponíveis para download, basta clicar nos respectivos links na lateral da página. Mas vamos ao que interessa... Este mês conforme prometi, trouxe até vocês um bate papo exclusivo por e-mail realizado com um dos maiores nomes do quadrinho nacional, o assessino de miguelitos e multifuncional Laerte Coutinho.

Gostaria de aproveitar e registrar os agradecimentos de toda equipe do Universo Germinante ao Laerte que perdeu...ops! Eu quis dizer, cedeu seu tempo nesta entrevista ultrabacanuda.

Gruft: Do traço dos Cartuns, passando pela TV, Teatro e Cinema. Sem dúvidas, você é um dos quadrinístas mais polivalentes do Brasil. Como você definiria sua jornada da década de 70 até os dias de hoje e qual a sua concepção em relação ao legado cultural que você vem semeando?

Laerte: Polivalente. Nossa, essa é do tempo do Claudio Coutinho - não era meu parente. Legado cultural remete ao Machado de Assis. Gruft, você precisa dar uma reciclada! (risos)

Gruft: Realmente, muito erudito, vamos pular pra outra... (risos). Na sua última entrevista concedida a Marco Aurélio Canônico da Folha Folha de São Paulo (link para a entrevista: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u323683.shtml), pude sentir um certo desabafo em suas palavras. Gostaria que você comentasse um pouco mais sobre esta sua fase atual. Poderia nos explicar um pouco mais sobre "Laerte em crise"?

Laerte: Não tenho muito mais o que explicar. Acho que só descobri que, se existe um estado de ausência de crise, eu não estou nele.

Gruft: Sobre seus lançamentos recentes "Laertevisão" e "Piratas do Tietê - A Saga Completa", o primeiro baseado em memórias de infância e o segundo uma reedição, trata-se de uma viagem no tempo para trazer ao presente algo que ficou no passado?

Laerte: Essa foi justamente uma das questões do Marco Aurélio (repórter da Folha). É um aspecto, sim. Quanto mais passado à gente tem, mais interessante ele vai se tornando como tema potencial. Por outro lado, todos os meus livros são coletâneas; essa é uma das naturezas do trabalho com quadrinhos.

Gruft: Como foi a experiência de escrever para os programas de televisão TV Pirata, Sai de Baixo e TV Colosso? Há algum segredo para conseguir escrever para estes três tipos de público distintos?

Laerte: Foi muito importante. Aprendi muito com o Cláudio Paiva, com o Ferré. É muito diferente do quadrinho, não só pelo tipo de linguagem que se usa, mas também pelo fato de ser um trabalho coletivo.

Gruft: Soubemos do projeto de uma animação dos Piratas e queremos saber tudo que for possível. Se quiser falar sobre o impossível, também vamos adorar (risos)... Como esta à produção? Mais algum personagem além dos Piratas deve dar as caras? Pode nos falar um pouco sobre o roteiro?

Laerte: O filme está sendo feito pelo Otto Guerra e está em fase de construção de roteiro, onde eu estou colaborando com o trabalho do Tomas Creus e do Gilmar Rodrigues. A história envolve, além dos Piratas, Silver Joe, os Bandeirantes, e vários outros especialmente inventados, por mim ou pelos roteiristas. Trata da ocasião em que a cidade esteve, por força de artifícios legais, sob a gestão dos Piratas. Mais não posso dizer.

Gruft: Você já teve a experiência de animação com o Overman para o Cartoon Network, isso influência ou ajuda em relação à produção de Piratas?

Laerte: O que ajuda mesmo é a experiência que o próprio Otto criou ao fazer “Wood & Stock”, personagens do Angeli.

Gruft: Falando em Overman, em seu site você o define: "não um simples herói, um super herói". Aproveitando este gancho gostaríamos que você falasse um pouco sobre heróis. Este conceito que sempre esteve em alta no meio dos quadrinhos também vem ganhando força no cinema com as adaptações das HQs, em seriados de TV e outras mídias. Como você definiria esta fascinação das pessoas pelos super-heróis? Também gostaríamos de saber se você tem um grande herói como inspiração, esta vale em qualquer âmbito.

Laerte: Super-heróis me parecem um lance mais dos americanos, com exemplos parecidos no Japão. Não vejo similares na Europa ou na América. Nos anos 50 e 60 apareceram algumas tentativas de desenvolvimento desse gênero no Brasil, sem grande impacto. Acho que curtimos o que nos mandam pronto, por puro espírito de entretenimento. Por isso, o modo como nós, brasileiros, nos divertimos com eles é diferente do modo como os americanos o fazem hoje, que é também diferente do com que eles o faziam nos anos 40 e 50, quando nasceram os personagens na imprensa.

Não sei se esse gênero vem ganhando força no cinema. Penso que é a técnica de confecção de filmes que está empolgando o público, não tanto a natureza heróica dos protagonistas das histórias.

Gruft: Como criador de diversos personagens consagrados, poderia comentar sobre como se deu o processo de criação deles? O que você acha que os fez ficarem tão conhecidos e fazer tanto sucesso?

Laerte: Meus personagens nascem no processo de criar as histórias. Às vezes gostaria que eles não tivessem vida seriada, mas apenas na história geradora. O caso dos Palhaços Mudos é exemplar: gosto muito da primeira história e detesto a segunda. Depois reutilizei dois dos palhaços como coadjuvantes da Suriá, na Folhinha. Não lido com eles com muita ortodoxia…Também tenho dúvidas em relação a tal êxito e difusão.

Gruft: Em relação aos quadrinhos no Brasil, qual a sua opinião em relação ao mercado?

Laerte: É um mercado pequeno; modesto em relação a outros, como música popular ou televisão. Acho que isso não vai mudar. O que pode mudar é a fase de desorganização e de exploração insuficiente.

Gruft: Poderia nos falar um pouco sobre a sua visão em relação à profissão de cartunista no Brasil? Algum conselho para quem esta começando e deseja se profissionalizar?

Laerte: Tenho dado - e ouvido - conselhos em contatos pessoais, vendo ou mostrando trabalhos. Assim no geral só posso dizer generalidades, como: “mostre o que faz, faça fanzines, associe-se a outros, veja mais, leia mais, escute mais” etc.

Gruft: Agora vamos a pergunta mais conhecida por nossos visitantes: Laerte, este planeta tem solução?

Laerte: Não sei.

Gruft: Bem, pelo menos alguém neste planeta é sincero. Será uma chama de esperança para a humanidade? (risos) Vamos ficando por aqui com o Gruft Entrevista, agradeço mais uma vez ao Laerte pelo ótimo bate-papo. Aproveite e visite o site do Laerte, basta clicar aqui.

Por hora é só!

Gruftlândia Triunfa!!!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Celso Mathias

Artista plástico profissional há mais de 25 anos, começou a sua trajetória colaborando com histórias em quadrinhos para a extinta editora Vechi. Não demorou muito a ingressar no circuito de galerias de arte. Com 18 anos já expunha seus trabalhos ao lado de pintores consagrados. Passou a fazer parte de acervos importantes de colecionadores brasileiros. Com seu temperamento inquieto, abriu os braços de sua arte para a publicidade e caricaturas. Trabalhou em campanhas vencedoras: biscoitos Trakinas, biscoitos Clube Social, Castrol, etc, e para grandes agências de publicidade como Giovanni FCB e Ogilvy & Mather, fazendo storyboards, animatics e ilustrações hiper-realistas. Nas caricaturas ingressou há 8 anos ganhando prêmios importantes no circuito de salões de humor. Celso Mathias é um artista multi-mídia.


Em 2004 foi homenageado pelo mestre americano Frank Frazetta com uma foto autografada segurando um retrato que o havia presenteado.

Em 2003 realizou em parceria com o artista Vitor Ishimura (lápis) diversas capas de jogos de RPG para a editora inglesa Mongoose. Em 2005 ilustrou 8 páginas da radical história em quadrinhos "So Intense" para a revista Cryptic Magazine da editora americana Dead Dog Comics, que foi um sucesso de público e no mesmo ano expôs 15 obras na badalada casa noturna Casa da Matriz e também no mega festival de tatuagem Tattoozone rio festival. A arte fantástica e as tatuagens permeiam o artista desde pequeno, sendo efetivamente apresentado ao universo dos tatuadores há alguns anos pelas mãos do amigo tatuador Leonardo Novaes. Desde que começou a colocar em quadros suas fantasias e "loucuras", já se vão mais de 300 quadros em diversas técnicas sendo a acrílica o seu carro chefe.

Origem: Site do ilustrador.

GRUFT: Quais são suas influências?

Celso Mathias: Rembrandt me ensinou o que é luz e sombra, Norman Rockwell a composição e o grande divisor de águas do meu trabalho, Frank Frazetta, me ensinou que podemos pegar os velhos mestres e trabalhá-los de uma maneira mais moderna.

GRUFT: Com qual material você costuma gostar mais de trabalhar?

Celso Mathias : Trabalhei muitos anos com tinta à óleo ( não existe nada igual ), mas por motivo de toxicidade ( eu estava ficando viciado em chumbo e cromo ) - (risos). Mudei há uns 10 anos pra tinta acrílica. A princípio uma técnica muito complicada mas aos poucos quando se consegue dominá-la se torna uma técnica extraordinária com variedades enormes de texturas. Trabalho também com aquarela, pastel, etc. O legal é estar sempre descobrindo texturas e efeitos novos.

GRUFT: Poderia dar um resumo rápido de sua carreira?

Celso Mathias : Sou artista plástico profissional há mais de 25 anos, começei a minha trajetória colaborando com histórias em quadrinhos para a extinta editora Vechi. Não demorou muito e ingressei no circuito de galerias de arte. Com 18 anos já expunha meus trabalhos ao lado de pintores consagrados. Passei a fazer parte de acervos importantes de colecionadores brasileiros. Com meu temperamento inquieto, abri os braços de minha arte para a publicidade e caricaturas. Trabalhei e ainda trabalho em campanhas publicitárias (biscoitos Trakinas, biscoitos Clube Social, Castrol, etc) e para grandes agências como Giovanni FCB , Ogilvy & Mather e CGCOM GLOBO fazendo storyboards, animatics e ilustrações hiper-realistas. Nas caricaturas ingressei há 8 anos ganhei prêmios importantes no circuito de salões de humor. Sou um artista multi-mídia.

Em 2004 fui homenageado pelo mestre americano Frank Frazetta com uma foto autografada segurando um retrato que o havia o presenteado.
Em 2003 realizei em parceria com o artista Vitor Ishimura (lápis) diversas capas de jogos de RPG para a editora inglesa Mongoose. Em 2005 ilustrei 8 páginas da radical história em quadrinhos "So Intense" para a revista Cryptic Magazine da editora americana Dead Dog Comics, que foi um sucesso de público e no mesmo ano expus 15 obras na badalada casa noturna Casa da Matriz e também no mega festival de tatuagem Tattoozone rio festival. A arte fantástica e as tatuagens me permeiam desde pequeno, fui efetivamente apresentado ao universo dos tatuadores há alguns anos pelas mãos do amigo tatuador Leonardo Novaes. Desde que comecei a colocar em quadros minhas fantasias e "loucuras", já se vão mais de 300 quadros em diversas técnicas sendo a acrílica o carro chefe.

Estou aberto para a minha arte e vivo apenas dela há longos anos. Quero ser sempre um artista de muitos braços e estar sempre antenado com a minha contemporaneidade.


GRUFT : O que você recomendaria a quem está tentando entrar neste trabalho agora?

Celso Mathias : Primeiramente aprender inglês. Isso vai te dar uma conexão com tudo que está acontecendo no mundo em matéria de artes.
Tentar focar em um só objetivo, mesmo que você goste de fazer várias coisas dentro das artes. Ser multimídia é muito cansativo e você acaba tendo que articular várias coisas ao mesmo tempo. Se a pessoa quer ser desenhista de HQ, foque neste mercado e em um objetivo e vá em frente. Infelizmente por motivos financeiros o artista se vê muitas das vezes tendo que pegar "freelas"( trabalho free-lancer) pra complementar o orçamento, mas nunca desistir do foco de seu objetivo.

GRUFT : Por que este tipo de arte não alavanca de vez em nosso país? O que se pode fazer para mudar isso?

Celso Mathias : Por dois motivos: Cultural e financeiro. A grande maioria dos projetos e grandes indústrias de quadrinhos ou arte fantástica naufragaram por esses dois fatores.
Quem compra quadrinhos adulto e de boa qualidade é a galera de 30 pra cima, que tem grana pra bancar bons títulos, europeus de preferência.
Pra grande maioria da população brasileira, quadrinhos é " Turma da Mônica".Nos anos 70 e 80 existiam duas grandes editoras no Brasil, Brasil América( EBAL) e VECHI. Fecharam! A maioria( 99%) dos artistas que eu conheço estão no mercado americano e europeu. Acho que a mudança vai se dar à medida que empresários começarem a bancar os nossos artistas com qualidade. Podemos fazer álbuns tão bons ou melhores que os europeus. Isso começou a acontecer com os artistas dos cartuns ( Angeli,Nani,etc.). Eles estão lançando álbuns maravilhosos na qualidade e conceito.

GRUFT : Há algo que você ainda não fez e gostaria de fazer como ilustrador, cartunista ou desenhista?

Celso Mathias : Todo artista pensa em lançar um livro com seus trabalhos. Você ter um site ou um portfólio em CD, é legal e importante em nível de mercado, mas um livro é um livro.
Cada dia é uma descoberta diferente, seja na técnica ou no conceito.

GRUFT: O que é melhor de fazer: cartum, desenho, ilustração ou pintura?

Celso Mathias : Cada estilo tem a sua beleza. Atualmente estou me voltando mais pro desenho gestual (grafite e pastel), você acaba soltando mais a mão e deixando mais exposto a sua atitude diante de uma idéia. A pintura te possibilita isso, mas nunca do jeito que um lápis, seja grafite ou pastel. Já são dez anos trabalhando praticamente todos os dias com a acrílica e é preciso respirar um pouco outros ares. Vinha fazendo isso espontaneamente com outras técnicas, mas agora estou realmente descobrindo um novo mundo.

GRUFT: Quais são seus projetos futuros?

Celso Mathias : Como falei acima, editar um livro contando um pouco as minhas experiências como ilustrador e com portfólio. Estou à procura de um editor que compre a idéia. Estou preparando uma exposição de caricaturas talvez pra esse ano ainda e outros projetos que são segredos de "estado". (risos)

Gruft: Celso, não posso deixar de te perguntar: Este planeta tem solução?

Celso Mathias : Não! O ser humano é a pior espécie que já habitou este planeta, salvo raríssimas exceções.

Gruft: Caros visitantes, este foi Celso Mathias! Agradecemos pela entrevista e pela contribuição. Por este mês é só!








Carlos Latuff

Carlos Latuff (Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1968) é um cartunista brasileiro.

Apesar de ter iniciado sua carreira como ilustrador numa pequena agência de propaganda no centro do Rio em 1989, tornou-se cartunista publicando sua primeira charge num boletim do sindicato dos estivadores em 1990, e permanece trabalhando para a imprensa sindical até os dias de hoje.

Com o advento da Internet, Latuff deu início ao seu ativismo artístico, produzindo desenhos copyleft para o movimento zapatista. Após uma viagem aos territórios ocupados da Cisjordânia em 1999, torna-se um simpatizante da causa Palestina, destinando boa parte de seu trabalho a esse tema.

Tem trabalhos espalhados por todo o mundo. Um exemplo disso foi o fato de ter sido o primeiro brasileiro a ter um desenho publicado no concurso de charges sobre o Holocausto, promovido pela Casa da Caricatura do Irã, em resposta às caricaturas de Maomé divulgadas na imprensa européia. O desenho retrata um palestino em lágrimas diante do muro erguido por Israel, usando um uniforme de prisioneiros dos campos de concentração nazistas: em vez da Estrela de David no peito, aparece o Crescente Vermelho.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Esta entrevista foi ao ar no mês 9 de 2007 em meio a polêmica em relação ao mascote do Pan.

GRUFT: Baseado na afirmativa de que todo o artista carrega a responsabilidade de levar através de sua arte algum tipo de mensagem, gostaria de abrir esta entrevista com uma
pergunta um tanto que capciosa (principalmente para aqueles que estiveram na II Semana de Quadrinhos da UFRJ). Ativista ou Cartunista? (risos...) Como é ser conhecido como "o traço bomba"?

Carlos Latuff: Conhece o velho ditado "Em terra de cego, quem tem um olho é rei"? Vivemos no reino da mediocridade, da ignorância cultivada cuidadosamente pela mídia, do "pão e circo" sem pão, do individualismo levado as ultimas consequências. Daí, quem resolve se levantar contra isso, acaba sendo visto como revolucionário, radical, "traço-bomba", quando na verdade o combate ao conformismo deveria fazer parte do cotidiano de qualquer um. Mas sabe, gosto disso. Essa "maledicência" me faz bem. Me faz lembrar que de algum modo continuo seguindo no s entido oposto ao do rebanho de cordeirinhos.

GRUFT: Há uma de suas ilustrações para Rogério Skylab, entrevistei ele em uma outra ocasião e perguntei: "Você tem alguma influência literária, cinematográfica ou mesmo das HQs nas suas composições?". Ele respondeu que não simpatizava muito com a palavra "influência", sendo assim, poderia citar algumas de suas referências? Onde busca tanta inspiração?


Carlos Latuff : Eu gosto de ficar fuçando a Internet em busca de referências, antigas e modernas, que vão desde ilustrações da era Vitoriana, charges em preto-e-branco dos anos 10, 20, 30, 40, quadrinhos dos anos 50, 60, 70, 80, passando pelo design, pela pictografia das placas de trânsito, logomarcas, fotografia, vídeo, clips, cinema, vou vendo tudo e ingerindo conceitos como se fossem jujubas. Fico me nutrindo de imagens. Acho que por isso mesmo algumas vezes as idéias vem as minhas mãos parecendo serem psicografadas.

GRUFT : Há muitas ilustrações suas que rodam o mundo, entre as mais conhecidas esta o Che Guevara usando turbante que você permitiu que fosse publicado gratuitamente por uma revista europeia, você também faz muitas imagens "copylefts", todas de cunho contextualizador. Como você definiria a questão ideológica de sua arte e o que diria em relação à publicação de imagens gratuitamente?


Latuff : Meu interesse é que minhas imagens se tornem domínio público, que façam parte do imaginário popular. Para isso facilito ao máximo sua livre distribuição pelo mundo via Internet me utilizando do conceito do "copyleft". Não me interessa, por exemplo, faturar um níquel sequer com as imagens pró-Palestina que produzo. Quero mais é que elas corram o planeta levando uma mensagem positiva sobre um povo tão sofrido e lutador. O mesmo se aplica aos desenhos que faço sobre a guerra do Iraque ou o levante popular em Oaxaca. Temos que parar de pensar que tudo o que se faz deva ter retorno financeiro. Não. Devemos nos lembrar que existe o retorno social, o retorno de alguem que me escreve de Gaza simplesmente pra dizer "obrigado por se lembrar de nós". O nome disso é INTERNACIONALISMO.

GRUFT : Uma das últimas polêmicas que ocorreram em torno do seu nome foi a divulgação do desenho do mascote do Pan segurando uma metralhadora, você chegou a ser intimado pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Propriedade Imaterial. Em meio a esta questão é interessante ressaltar que outros cartunistas já haviam utilizado o desenho do mascote em charges anteriormente. O que pensa a respeito?

Latuff : O fato de apenas eu ter sido intimado a ir numa delegacia, apesar do Aroeira e o Pânico terem feito sátiras com o mascote do Pan, demonstra bem se tratar de questão política. Na verdade, trata-se de represália do Estado do Rio contra quem reproduziu minha charge, no caso a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, entidade que vem denunciando a violência policial contra comunidades de favela. Pessoas ligadas a essa organização foram detidas por terem reproduzido o desenho em camisetas. Tivesse essa imagem sido impressa pela mídia corporativa, e não teríamos essa reação. É mais um capítulo da criminalização dos movimentos sociais no Brasil.

GRUFT : Devido as suas críticas há uma certa intenção de inversão de papeis colocando você como um tipo de vilão ou conspirador. Como você definiria o papel da mídia em meio a tudo a isso?

Latuff : E o que esperar da mídia burguesa, filho? Você espera tirar leite de uma cascavel? As emissoras de TV faturaram alto com a cobertura dos jogos, eles lá tavam interessados em protestos contra a manipulação do Pan? Tanto assim que durante os jogos voce não via na televisão ações policiais, tiroteios, assaltos, mortes, nada. A discussão era quem iria passar quem no quadro de medalhas e, claro, o acidente com o avião da TAM, porque esse não dava pra esconder mesmo.

GRUFT: Há uma comunidade no orkut com apenas seis membros, um deles é “você” (risos..), que conta uma história sobre você não gostar de mangás e também lhe acusa de dizer que o gênero é falta de arte. O que é isso? (risos...)

Latuff : É bom dizer que eu não tenho Orkut. Portanto, qualquer um que se apresente por lá como sendo Carlos Latuff é falso. Quanto ao fato de criarem comunidades de "eu odeio isso, eu odeio aquilo", é lugar-comum no Orkut. Até porque o número de pessoas que me detesta é BEM maior do que seis. Tem gente de tudo quanto é país que vai estourar champanhe no dia em que eu bater as botas. São, na maioria, reacionários, conservadores, babacas em geral. Nada de novo. Estranharia se eu tivesse apenas apreciadores de meu trabalho.

GRUFT: Você é amigo de infância do João Simões Lopes Filho, o nosso Begud. Tem alguma historinha escabrosa para nos contar a respeito desta criatura? (risos)

Latuff : Tenho não, aquele rapaz era tímido demais pra protagonizar "historinhas escabrosas". Mais fácil, seria, ele escrever historinhas escabrosas, ainda mais se forem de ficção científica ao estilo de Perry Rhodan que ele tanto gostava de ler. A lembrança que tenho de quando éramos garotos é de um rapaz de brancura comparável a de um lençol recém-saído da loja, de movimentos lentos, sorriso discretíssimo, de uma dicção e inteligência notáveis.


Gruft: Gostaria de deixar algum recado? Fique à vontade o espaço é todo seu...

Latuff : Pau no cú da imprensa burguesa. :)

Gruft: Finalizando com a conhecida "pergunta Gruft", este planeta tem solução?

Latuff : Ah, claro que não. Sendo esse planeta povoado por seres humanos, a possibilidade de solução é quase zero. Ou melhor, quase não, é zero MESMO. :)

Gruft: Caros visitantes, este foi Carlos Latuff! Agradecemos pela entrevista e pela contribuição. Por este mês é só!


Marcelo Telles

Marcelo Telles é coordenador geral e editor chefe do site REDE RPG um dos mais conceituados espaços sobre o tema na internet brasileira.
Foi o nosso entrevistado do mês de agosto de 2007.

GRUFT: Nesta entrevista, mais um grande nome do RPG nacional. Criador, editor, organizador de encontros e responsável direto pelo portal REDERPG , autor do Réia , e editor-executivo do Crônicas da 7a Lua , ele é referência em matéria de informação e criação nesta área. Com vocês, Marcelo Telles!

Quem são seus colaboradores mais próximos?

MT: Saudações aos amigos do Universo Germinante e obrigado pelo "grande nome do RPG nacional" (risos)! Olha, nós temos uma grande equipe que trabalha para o portal. Cada um deles é um colaborador importante, peças fundamentais que movem essa grande máquina chamada REDERPG. Além da equipe do portal, temos os jovens talentos que criaram e desenvolveram comigo o cenário Crônicas da 7a Lua, recém lançado pela Conclave Editora. Mas, sem dúvida, o meu mais importante colaborador é a minha esposa, Adriana Almeida, webmaster da REDE. Todo mundo pode ser substituído, até eu, mas ela é imprescindível! Sem ela não teríamos construido tudo o que fizemos até hoje.

GRUFT: De tudo o que você fez, qual é (ou foi) a "menina dos olhos"?

MT : Em termos de livros, todos são como filhos: cada um é diferente, mas amamos todos igualmente. Naturalmente, neste momento, o C7L (como é chamado o Crônicas da 7a Lua) e o Réia estão tendo mais minha atenção. Mas tenho outros livros, como o Conspiração do Amanhecer, e outras idéias que espero conseguir desenvolver e lançar um dia. Além dos livros, a REDERPG, é claro, sempre será a minha "menina dos olhos". Conseguimos com ela conquistas que foram tentadas antes por outros portais e que não foram conseguidas, como as atualizações diárias, a equipe de trabalho com redatores e ilustradores, a produção de netbooks, as traduções de material oficial de D&D e de outros cenários, e esperamos trazer ainda mais novidades e material constante para os jogadores brasileiros.

GRUFT: Existem planos de novidades ou mudanças para o REDERPG?

MT : Sim, sempre estamos planejando mudanças e inovações. Mas por hora prefiro ainda não falar de uma grande novidade que estamos planejando. Se conseguirmos viabilizá-la, iremos fazer uma boa divulgação. De qualquer forma, em setembro o portal completa 5 anos e vamos fazer alguma coisa especial, aguardem!

GRUFT : Como você resumiria a experiência com a "Dragão Brasil"?

MT : Intensa. Foi um grande aprendizado, mas difícil e árduo. Mas valeu muito. Em um ano e seis meses de DB, aprendi tanto ou mais que os meus 5 anos de portal.

GRUFT : Existe a possibilidade de se retornar ao mercado editorial, na parte informativa? Talvez uma revista REDERPG?

MT : O mercado editorial, como um todo, passa por um momento de mudança profunda, por conta da internet. De modo geral, as vendas em banca caíram. As revistas de RPG têm mais chances de vingarem quando lançadas em momentos de "boom" do hobby e, neste momento, o mercado começa a querer dar mostras que vai sair do refluxo que aconteceu em 2006.

Ou seja, em princípio, este não é um bom momento para se lançar uma nova revista de RPG. Por mais que o nosso trabalho na DB tenha tido sua "linha evolutiva" interrompida, por mais que eu tenha certeza que ainda teríamos muito a evoluir e a oferecer ao jogador brasileiro, neste momento a melhor estratégia é investir cada vez mais no portal, que tem uma perspectiva de longo prazo muito melhor do que qualquer revista.

GRUFT : E com relação a lançamentos de jogos? Pretende relançar os antigos, criar novos ou ambos? E qual será sua maior aposta neste aspecto?

MT : Eu ando conversando com algumas editoras. Inclusive sobre uma nova versão do CdA (Conspiração do Amanhecer). De concreto, temos o C7L de vento em popa, o livro mais vendido no último Encontro Internacional e as vendas dele continuam firmes. Agora em agosto estarei lançando o Réia pela Caladwin Editora.

GRUFT: Há alguma pretensão de sua parte de partir para outras mídias (HQ´s, livros, etc...)?

MT : Eu tenho absoluta convicção que o Crônicas da 7a Lua tem um imenso potencial para outras mídias. Com certeza, espero conseguir lançar um romance sobre o cenário e quem sabe o que pode vir pela frente... Mas, por enquanto, são apenas planos.

GRUFT: Os encontros que você coordena no Rio de Janeiro fazem grande sucesso. Qual é o segredo e o que você indicaria para quem quer começar os seus? Pode-se entrar em contato com você para fazer em outros estados?

MT : Nós criamos uma estratégia inversa aos encontros que existiam antes. Em vez de um grande encontro esparso, com grande investimento (e, muitas vezes, grande prejuízos), optamos por um encontro pequeno, mas todo mês, em um espaço agradável e acolhedor, e com sorteios de brindes, eventualmente. Criamos "points" onde os jogadores de RPG podem se encontrar e jogar sossegados. Sim, claro que pode, inclusive acabamos de levar o Encontro para São Paulo, capital.

Gruft: Existe uma grande ignorância com relação ao RPG no Brasil, o que provoca as distorções que qualquer fã do hobby já cansou de sofrer. Na sua opinião, como isso pode ser modificado?

MT : Simples, com cada um fazendo sua parte, divulgando o hobby, ensinando a novos jogadores, trazendo mais gente para o RPG. Esse é um trabalho que leva tempo: informar é mais difícil do que difamar. Mas com a participação de todos, acredito que isso irá diminuir.

Gruft: Vamos a perguntinha Gruft: Este planeta tem solução?

MT : O planeta Terra tem. Já a raça humana é um pouco mais difícil... (risos)


domingo, 11 de novembro de 2007

Jorge Ventura


Entrevista concedida por e-mail e foi ao ar no dia 23/07/2007

Nascido no Rio de Janeiro, Jorge Ventura é poeta, ator, jornalista e publicitário. Um dos Diretores de Comunicação Social do SEERJ (Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro), já publicou em poesia e prosa, Turbilhão de Símbolos (2000) e Surreal Semelhante (2003), pela Imprimatur – Rio de Janeiro, tendo conquistado importantes prêmios literários e de interpretação. Lançou em 2006, seu primeiro ensaio jornalístico, Sock! Pow! Crash! – 40 anos da série Batman da TV, pela Opera Graphica Editora – São Paulo.

Sua poesia está presente também em dezenas de antologias cariocas. Trabalhou em jornais e revistas, assinando artigos e colunas. Dublou novelas e atuou em peças teatrais, além de encenações poéticas e curtas-metragens. Diretor de Criação e redator publicitário, hoje é professor de Comunicação e consultor de marketing de diversas empresas.

Fonte: Alma de Poeta

_______________________________________________

GRUFT: Desta vez o Gruft Entrevista trás para vocês o autor do livro de pesquisa mais completo sobre o homem-morcego e o menino prodígio da série Batman com Adam West e Burt Ward. É com grande honra que trazemos até vocês Jorge Ventura!

Sabemos que o processo de pesquisa para concretizar um trabalho como Sock!! Pow!! Crash! - 40 anos da série Batman da TV é quase como gerar e dar a luz a um filho, gostaria que você comentasse um pouco como foi a concepção da idéia e a etapa de pesquisa até a conclusão da obra.

Jorge Ventura : Nelson Rodrigues, se estivesse vivo, certamente responderia por mim: “Este livro estava escrito há dez mil anos”. Eu considero este um dos projetos mais importantes da minha vida. Tinha 11 anos quando, sem a menor noção, comecei a anotar os nomes de todos os atores participantes da série, as falas dos personagens e as cenas mais marcantes. Inconscientemente, montei o meu primeiro bat-arquivo, apesar dos garranchos da idade e dos erros de inglês. Fui crescendo e colecionando as HQs, assistindo aos desenhos animados pela TV. Aí surgiu o VHS. Passei, então, a gravar tudo relacionado a Batman, de documentários a programas, além de sátiras com referências ao Homem-Morcego.

Em 1996, já presidia a OFHM (Ordem Filosófica do Homem-Morcego) e escrevia o fanzine Tribuna do Morcego com Márcio Escoteiro. Havia publicado, na edição número 4, uma resenha especial em homenagem aos 30 anos da série. E cheguei a comentar em diversas revistas especializadas e, mais tarde, em sites de fã-clubes. Em 2005, defendi uma tese acadêmica sobre A força da marca Batman e sua poderosa bat-franquia. Registrei em pesquisa o que foi o fenômeno da “batmania”, deflagrada pela série televisiva. Isto coincidiu com o interesse da Opera Graphica em lançar um livro sobre os 40 anos de Batman da TV. Fui indicado, então, pelo amigo Silvio Ribas (outro grande estudioso no assunto e autor do Dicionário do Morcego), que muito me incentivou a aceitar o desafio de, em apenas três meses, organizar o livro.

Sock!! Pow!! Crash! é, na verdade, um grande compêndio, uma releitura de tudo o que foi escrito por mim e por diversos pesquisadores, batmaníacos ou não. Mas com um diferencial: o livro foca a estréia de Batman na TV brasileira e os acontecimentos importantes da época, indo da ciência às artes e costumes, da pop art à psicodelia dos sixties e à contracultura no Brasil.

GRUFT: Durante o andamento do livro houve alguma surpresa, houve algum dado ou informação que lhe deixasse com aquela cara de "esta eu não sabia"?

Jorge Ventura : Faz parte do maravilhoso mundo da pesquisa. Quando você acha que já conhece bastante um determinado assunto, aí é que você se surpreende. Você acaba descobrindo coisas novas: fontes inéditas, relatos nunca antes revelados, um artigo recém-publicado de um especialista etc. Trata-se, portanto, de um incessante aprendizado. Mas isto é fascinante para mim. É claro que, hoje, tudo ficou mais fácil com a Internet. Em Sock!! Pow!! Crash! não foi diferente.

Ao longo da minha organização, tive de atualizar vários apontamentos, cruzar todas as informações e, em alguns casos, tirar as minhas próprias conclusões. Um exemplo disso foi a ausência de Julie Newmar (Mulher-Gato) no longa-metragem de 66, inspirado na série. Alguns documentários afirmam que a atriz não participou deste filme pelo seu envolvimento com a produção de “O Ouro de Mackenna” (western que só estrearia nos cinemas em1969). Na verdade, Newmar justificou sua ausência por estar comprometida com outros projetos pessoas, inclusive um sério tratamento na coluna. Julie Newmar encerrou sua participação ainda na segunda temporada de Batman.

Durante o terceiro ano da série (1968), começaram as filmagens de “O Ouro de Mackenna”, o que sugere ser a versão mais provável do seu afastamento. A atriz e cantora de jazz, Eartha Kitt, tornou-se a terceira Mulher-Gato, uma vez que, no longa-metragem, Lee Meriwether interpretou a felina vilã.

GRUFT: Você tem preferência por alguma das fases do Batman?

Jorge Ventura : Batman é um personagem de diversas fases, adaptações e múltiplas faces; e tudo nele me encanta independente da Era em que vive ou universo onde habita. Mas confesso dar uma atenção especial ao Batman dos anos 60 (refiro-me à Era de Prata) e, principalmente, à série da TV. Afinal, é o Batman da minha infância! Foi a partir deste seriado que passei a acompanhar com afinco as aventuras do herói nas Histórias em Quadrinhos.

Eu tinha 5 anos quando assistia à série e, de lá pra cá, não parei mais. Dedico até hoje uma parte do tempo aos estudos do personagem e sua trajetória. O clima “camp” apenas caricaturou uma época marcada pela psicodelia e pelas grandes transformações sociais, políticas e artísticas. A década mais revolucionária do século XX deu abertura para o avanço desenfreado de novos estilos, modas e costumes. E a série da TV, poucos sabem disso, traduziu com fidelidade as aventuras do herói das HQs, dos anos 60. Pena que esta estética – que traduz o exagero, o humor espalhafatoso, foi deturpada por teorias infundadas, como a de Fredric Wertham, que afirmava que as HQS provocavam o desvio de jovens e adolescentes, levando-os à delinqüência e à perversidade sexual.

A mídia aproveitou o gancho para “apimentar” o mal-entendido e vender uma imagem completamente distorcida. É claro que, hoje, o clima “camp” não mais se sustenta, nem tampouco teria cabimento no atual universo do Homem-Morcego. O Batman do século XXI é bastante sério e disposto a enfrentar um mundo cruel e injusto. Mas costumo dizer que, “camp” ou “dark”, Batman é bom de qualquer maneira.

GRUFT : Sabendo que você é um apreciador nato da sétima arte poderia comentar um pouco em relação à cinematografia do Cavaleiro das Trevas?
Jorge Ventura : A trajetória do Homem-Morcego no cinema apresentou uma qualidade irregular, de altos e baixos. Os produtores se preocuparam muito mais com a plasticidade das cenas, com o estereótipo dos personagens, do que com o conteúdo. Faltou um bom roteiro na maioria dos filmes, mas acho que, entre erros e acertos, estamos caminhando para uma versão definitiva e satisfatória. Sem dúvida, Batman Begins foi o filme que mais se aproximou do argumento original, da versão desejada pelo batmaníaco. Torço para que The Dark Knight (próximo filme) seja um grande sucesso.

GRUFT : Que outras adaptações das HQs para o cinema você acha interessante?

Jorge Ventura : Das adaptações que ficaram no acervo particular, posso destacar Superman: The Movie (1978), com Christopher Reeve, Marlon Brando e Gene Hackman – filme dirigido por Richard Donner; a saga dos X-MEN (2000/2003/2006) – os dois primeiros filmes dirigidos por Bryan Singer e o último por Brett Ratner; e Spider-Man 1, 2 e 3 (2002/2004/2007), dirigidos por Sam Raimi. Não posso esquecer de mencionar também as versões de Sin City (2005) e 300 de Esparta (2007), obras de Frank Miller, dirigidos respectivamente por Robert Rodriguez e Zack Snyder.

GRUFT : Ainda falando em cinema, o filme "De Volta a Batcaverna" de 2003, traz Adam West e Burt Ward no papel deles mesmos em uma intrépida aventura tentando resolver o misterioso roubo do batmóvel, além disso, traz deliciosas memórias em relação ao seriado e o melhor de tudo é que não teve Joel Schumacher na direção (rs). O que você achou deste filme? Contribuiu em algo para o livro?

Jorge Ventura : Este telefilme, dirigido por Paul A.Kaufman, narrou, basicamente, as memórias dos astros principais (Adam West e Burt Ward) e seus relacionamentos com fãs, além dos bastidores no set de filmagem. Muito do que foi visto, já tinha sido publicado em seus respectivos livros: Back To The Batcave e Boy Wonder: My Life In Tights.

Mas não restam dúvidas quanto ao valor deste grande tributo à série da TV. A estória recria o clima “camp” com direito a muitos improvisos e, claro, o roteiro deste telefilme contribuiu também para a realização do meu livro. Vale a pena aqui registrar as participações de Julie Newmar, Lee Meriwether, Lyle Waggoner (galã da série Mulher Maravilha, dos anos 70, que no final de 1965 havia perdido o papel de Batman, para Adam West) e o inesquecível Frank Gorshin, em sua última atuação na pele de um vilão tão enigmático quanto o Charada.

GRUFT: Você tem paixão por mais alguma outra personagem que valesse a pena fazer mais uma obra do gênero de Sock!! Pow!! Crash!? Em outras palavras, quais são os seus próximos projetos? Pode nos adiantar algo?

Jorge Ventura : Eu sou um eterno apaixonado pelos anos 60 e acho que temos uma enorme galeria de ícones, sobretudo desta década tão revolucionária, que mereceriam um estudo especial. Continuo pensando com carinho na possibilidade de escrever sobre outros símbolos da cultura de massa, mas por enquanto nada está formatado.

GRUFT: Sem dúvidas, Batman e todo o seu universo são ícones da cultura mundial, podemos observar estes símbolos aparecendo de diversas formas. No Rio de Janeiro, uma das chamadas "milícias" que vem tomado o controle das favelas e expulsando os narcotraficantes e gerando uma guerra que só espalha o terror, adotou o símbolo do herói. O que você pensa a respeito disso?

Jorge Ventura : Batman mexe com o imaginário de muita gente e isto se explica, uma vez que o herói, feito de carne e osso, está bastante próximo à nossa realidade urbana. Os problemas de violência da fictícia Gotham City são os mesmos do Rio de Janeiro, São Paulo, Nova York ou Hong-Kong.

Gruft: Algum recado que queira deixar para nossos visitantes?

Jorge Ventura : Alô, galera que aprecia HQs, RPGs e cultura pop: vamos continuar prestigiando a equipe do www.universogerminante.net, que está de parabéns pelo belíssimo trabalho!

Gruft: E esse mundo? Tem Solução?

Jorge Ventura : Esse eu não sei, pois acho muito difícil mudar o quadro caótico em que vivemos: desigualdade social cada vez maior, fanatismo infundado, egoísmo, ganância, desrespeito ao semelhante, água em extinção, esvaziamento cultural... Mas acredito que, futuramente, o planeta sofrerá um grande choque e, com isso, levará uma sacudida cósmica, que vai transformar todos os seres, principalmente, os humanos. Quem sobreviver a este choque, poderá talvez construir um mundo melhor e então proclamar a tão sonhada paz na Terra. É isso! Fui!

Maurício Ricardo - Charges.com.br

Entrevista concedida por e-mail e foi ao ar em 06/06/07.

Maurício Ricardo Quirino (também chamado no site de MR) nasceu em 24 de Setembro de 1963, no Rio de Janeiro, mas foi criado em Uberlândia, Minas Gerais. Foi baixista e jornalista, e começou o site por diversão. Quando começou a dar lucros, abandonou um emprego em um diário de Uberlândia.

Além de desenhar (com uma prancheta digital) e animar, ele dubla (geralmente fazendo todas as vozes) e toca a música de fundo.

Fonte: Wikipedia

________________________________________________________________

GRUFT: No Gruft Entrevista deste mês temos um compatriota. Um terráqueo polivalente, roteirista, desenhista e até dublador. Seu trabalho tem repercussão em nível nacional e internacional, tendo aparecido nos mais importantes telejornais e programas de entretenimento do país. Recebam o criador do charges.com o Maurício Ricardo.
Mauricio dê um olá aos nossos visitantes...

Maurício Ricardo: Opa! Você me convidou pra responder perguntas, não obedecer ordens. Pra me vingar não darei um olá, darei um ALÔ! Hehehe. Extraterrestre folgado...

GRUFT: Um espertinho, ãn!? Hunf! Como surgiu a idéia para a criação do Charges.com.br? Você também tem um plano de dominação e subjugação da raça humana?

Maurício Ricardo: Eu tinha. No começo colocava mensagens subliminares em frames ultra-rápidos e "easter eggs" com conteúdo hipnótico. Mas desisti, porque subjugar a raça humana é muito complicado. Tô pensando em subjugar só as mulheres bonitas entre 20 e 40 anos.

GRUFT: Gostei desta idéia! Se dominar as mulheres fica mais fácil subjugar os homens...humm... Maurício, o charges.com.br é hoje um dos maiores, senão o maior site de entretenimento do país, podemos perceber que ele atraí diversos tipos de público. Já faz algum tempo que podemos considerá-lo como uma referência no gênero. Pode definir como é isso para você?

Maurício Ricardo: Uma enorme responsabilidade. É preciso tentar me reinventar todo dia há sete anos, numa mídia em que as coisas vêm e vão muito rápido. Mas é gratificante.

GRUFT : Quais foram as suas maiores referências no mundo das HQs e dos Cartuns? Houve alguma obra em especial que lhe influenciou?

Maurício Ricardo: Sou muito influenciado pela revista MAD, na época em que saía pela Editora Vecchi, nos anos 70. All Jaffe, Aragonés, Don Martin... Os caras eram geniais! E li muito de tudo: de Mônica e Disney a heróis da Marvel e DC, passando - mais tarde- pelas revistas do Angeli, Laerte e Glauco, pelo Jornal Planeta Diário e a Revista Casseta Popular, que se fundiriam no Casseta & Planeta.

GRUFT : Desde o cordel e do começo das publicações de tirinhas nos jornais, temos os cartunistas como grandes críticos e contadores da história de nosso país. De lá para cá, tivemos grandes evoluções como uma maior liberdade de expressão e também a chegada da era da internet. Poderia nos falar um pouco sobre estas evoluções e como é para você, não só ver, mas também participar da história de nosso país através dos cartuns?

Maurício Ricardo: Fico feliz em ter visto o nascimento de uma nova forma de mídia e de recursos tecnológicos que simplificaram muito o processo de animação. Embora eu tenha trabalhado muito tempo na mídia impressa, em jornais regionais aqui de Minas, me considero hoje um "filho" da Internet. Acho que venho ajudando, com minha pequena parcela, na criação de uma linguagem de humor pra rede. Pelo menos tenho sido muito imitado! (rs). A maior evolução é a possibilidade real de se atingir um público grande de forma independente, coisa que nenhum "fanzineiro" jamais sonhou até os anos 90.

GRUFT : Acredito que nosso maior papel na sociedade é de estimular o pensamento do povo ao invés de simplesmente dar-lhes uma resposta pronta. Lembro-me de uma charge de um garoto vestibulando cantando junto ao pai uma versão da música “In the end” do Linkin Park que criticava o sistema de ensino brasileiro que não da base para que nossos estudantes possam cursar o ensino superior. De certo modo, exercemos o papel indireto de educadores através de nossa arte. Como é a visão do Mauricio Ricardo pai, cartunista, jornalista e cidadão brasileiro desta situação?

Maurício Ricardo: Esse lado mais engajado pinta de forma bem natural. Primeiro vem o compromisso com o humor, claro. Mas como nosso país é tão cheio de sacanagens, de vez em quando a indignação se manifesta. Aí eu acabo sendo mais contundente. De qualquer forma, faço um grande esforço para não ser didático demais, messiânico demais. Detesto gente que se leva muito a sério. Ainda mais humoristas!
(risos)

GRUFT: Você já recebeu algum puxão de orelha ou alguma crítica de algum famoso por ter feito alguma zoação?

Maurício Ricardo: Tirando dois processos - um do Paulo Maluf, outro do Orestes Quércia - só tive feedback positivo. Pessoas públicas sabem que aguentar a zoação é parte da fama. No caso das duas figuras que não gostaram das charges, só tenho motivo pra me orgulhar. É ótimo saber que consegui encher o saco deles.

GRUFT: Espero não ser processado também, mas concordo com as críticas...rs... Esse é o espírito do Cartum. Maurício... E esse planeta?! Tem solução?

Maurício Ricardo: A gente não tem que se preocupar com isso. O mundo sabe cuidar de si próprio. Quando o ser humano se tornar insuportável, o planeta mesmo se encarregará de descartá-lo, com catástrofes provocadas pelo próprio homem. Eu me preocupo mesmo é com a raça humana. Essa tá lascada, coitada.

Gruft: Este foi o Gruft Entrevista! Agradeço a paciência e o carinho de Maurício Ricardo em ter cedido seu tempo para nos conceder esta entrevista. Visitem o www.charges.com.br para conferir mais trabalhos de Maurício e sua Equipe.

Por este mês é só!

Gruftlândia Triunfa! Até a próxima...